terça-feira, 10 de junho de 2008

A Comunicação de crise não interessa aos políticos


Introdução:



Tal como aconteceu no semestre anterior, o visionamento da série Os Homens do Presidente manteve-se neste segundo semestre, mas se no primeiro semestre a temática era a Assessoria de Imprensa, neste semestre os tópicos de abordagem estão relacionados com; Comunicação de crise, Manobras de Bastidores Mentira no mundo da Política, Campanhas negativas, Marketing Político, entre outros. O que aqui se pretende é falar sobre os bastidores da política e sobre o tipo de comunicação que reina nesses bastidores.
Na elaboração do relatório referente ao primeiro semestre optei por fazer a narração da matéria dada na aula, por isso, escolhi três episódios, que na minha opinião melhor se enquadravam com a matéria, para sustentar a minha abordagem dos factos. Na construção deste novo relatório pretendo fazer algo diferente. A ideia é falar sobre a matéria dada nas aulas, ou seja, continuar a fazer uma narração da mesma e relacioná-la com os episódios, mas não quero fazer resumos dos episódios, o que pretendo é fazer uma breve referência ao episódio x ou y sempre que a matéria assim o permita.
Assim, não me prendo tanto aos episódios propriamente ditos, mas relaciono-os com aquilo que achar importante, visto que no primeiro semestre limitei-me, muito a dar exemplos, a resumir e, até mesmo a explicar o conteúdo dos episódios.



1-) A Comunicação de crise é inconveniente para os políticos:



1.1-) Comunicação de crise e Estratégias de comunicação

Antes de se começar a falar em comunicação de crise é necessário saber o que é uma crise e como ela se manifesta ou desenvolve.
A forma mais frequente de uma crise se manifestar é através de um telefonema, que pode ser feito por um jornalista, normalmente, fora do horário de trabalho, à noite ou ao fim de semana, numa altura em que o protagonista, o político e a sua equipa estão menos preparados para reagir à crise.
Uma situação de crise pode ser o resultado de algo que correu mal, uma iniciativa mal sucedida, uma informação que chegou aos ouvidos das pessoas erradas, casos de chantagens, tentativa de prejudicar adversários políticos (campanhas negativa, tema desenvolvido mais à frente), ou até menos uma doença, como podemos verificar num dos episódios da série Homens do Presidente.
No mundo da Política, a Comunicação de crise é o calcanhar de Aquiles dos políticos. Mas é preciso ter em atenção que não é só na Política que ocorrem episódios de crise, uma empresa, uma organização ou instituição, também sofrem situações de crise, às quais têm que estar preparadas para responder e resolver. No entanto, o que interesse para este relatório é analisar como reagem os protagonistas da política perante a comunicação de crise que eles tanto temem. Digo isto porque um político só se serve da comunicação de crise quando não tem mais por onde escapar, isto é, os políticos só recorrem à comunicação de crise quando todas as outras ferramentas que utilizaram não lhes resolveu o problema, aí nessa altura, utilizam a comunicação de crise para assumir o erro e divulgar soluções para o corrigir. Uma outra situação onde é normal ver-se um politico recorrer à comunicação de crise é quando o erro, se é que assim pode ser chamado, é do conhecimento da opinião publica, aqui neste caso a melhor solução é assumir o que se fez, como foi o caso do Primeiro – Ministro português José Sócrates, aquando da sua viagem à Venezuela fumou dentro do avião. O caso chegou até à opinião pública e como ele foi visto a fumar por várias pessoas não pôde negar que o tinha feito então, desculpou-se pelo sucedido perante a opinião pública, disse que não tinha conhecimento que naquele tipo de voo não era permitido fumar e ainda afirmou que iria deixar de fumar. Sócrates reagiu a esta crise em três etapas e desta forma, desviou as atenções do facto de ter fumado no avião e deixou a opinião pública a pensar se ele ia ou não deixar de fumar, assim mais ninguém falou sobre ele ter fumado no avião. Este é um bom exemplo de comunicação de crise, pois mostra a reacção de um político perante uma crise à qual não tinha escapatória possível. Neste caso o politico recorreu à comunicação de crise porque não tinha possibilidade de fuga, mas quando há uma possibilidade de fuga, os políticos preferem recorrer à manipulação do que à comunicação de crise.
O episódio 21 da 2ª temporada, 18 Th And Poto Mac, da série Homens do Presidente, é um episódio que mostra um caso de comunicação de crise, quando se descobre que o Presidente Bartlet tem esclerose múltipla. A equipa de Bartlet vai tentar resolver esta crise usando as ferramentas que tem ao seu alcance. Este episódio enquadra-se na matéria deste semestre pois remete-nos para a resolução de uma crise e aborda temas desenvolvidos na aula, tais como as sondagens e o que fazer perante a crise. Neste caso optou-se por dar um exclusivo a um canal de televisão, onde o Presidente juntamente com a sua esposa falaria da doença. Tal situação é comum ocorrer. O protagonista sabe que não adianta encobrir, nem criar manobras de diversão para desviar atenções pois já toda a gente está a par do que se passa. Então é preferível dizer a verdade, como aconteceu com o caso Sócrates. Mas outro tema que este episódio foca é o das sondagens. Na política as sondagens são de extrema importância, mas mais à frente falarei em pormenor sobre este tema. Em jeito de conclusão, quero apenas referir que neste caso específico dos Homens do Presidente as sondagens foram uma excelente ferramenta, pois permitiram à equipa Bartlet ver como estava a popularidade do Presidente e após os resultados, pouco animadores, eles delinearam uma estratégia de comunicação que ajudasse o Presidente a resolver a crise. É preciso ter em conta que no que diz respeito cada caso é um caso e as estratégias de comunicação têm que ser elaboradas consoante os casos, porque cada caso tem a sua própria estratégia de comunicação.
Mas o que é afinal uma estratégia de comunicação? Uma estratégia de comunicação é nada mais, nada menos do que a elaboração de plano de comunicação onde as mensagens a serem transmitidas têm que ser subtis e sofisticadas para que chamem a atenção dos órgãos de comunicação e da opinião pública. A criação de uma estratégia de comunicação visa, sobretudo a elaboração de uma mensagem que seja uma resposta a determinada situação. Na minha opinião as estratégias de comunicação são boas quer para levar os jornalistas a publicar algo que interessa ao político ou empresa, quer para convencer a opinião pública que o que fazemos é o correcto e o melhor, não há ninguém que faça melhor que nos, quer a resolver determinada situação menos boa para o politico ou para a empresa, por isso é que é muito importante que as mensagens sejam bem elaboradas, subtis e sofisticadas para que ninguém perceba o que, realmente é pretendido.


1.2-) Manobras de Bastidores e pseudo – eventos

Antes de começar a falar das manobras de diversão e dos pseudo – eventos quero frisar que estes dois temas fazem parte das estratégias de comunicação quer dos políticos, quer das empresas ou organizações.
Quando há uma crise os especialistas de comunicação devem seguir um conjunto de regras, isto é, devem seguir os parâmetros da comunicação de crise que são a transparência, a colaboração e falar a verdade, mas na realidade não é isto que acontece, porque nem sempre existe a verdade e a transparência na comunicação de crise. Assim, não posso falar em comunicação de crise sem falar nas manobras de bastidores e nos pseudo – eventos, porque são tópicos que estão relacionados uns com os outros e todos fazem parte uns dos outros.
Como já acima referi, um político
[1] sempre que pode foge à comunicação de crise e opta pelas manobras de bastidores, pela manipulação, pela mentira e desvia atenções do acontecimento, isto por nem sempre é fácil assumir que se errou. Se a comunicação de crise é a verdade, embora na prática isto não seja assim tão linear, quando se trata do mundo da política, as manobras de bastidores e os pseudo – eventos são a mentira.
As manobras de bastidores têm como único objectivo desacreditar o problema do que denunciá-lo. Existe, até, alguns casos onde a preocupação é desacreditar o mensageiro, dizendo que este pretende apenas atingir e arruinar o protagonista. Cria-se, assim, uma espécie de máscara ou disfarce para nos desligarmos do essencial para passarmos a discutir outra coisa. Aliás, quando o que realmente interessa e importa é desviar a atenção dos órgãos de comunicação social do que aconteceu ou pode acontecer, estamos diante uma manobra de bastidores. O que acontece nestes casos é que a estratégia de comunicação passa por desviar a atenção dos media com a criação de outros factos que obriga os jornalistas a olhar para outros lados, deixando assim de estar com atenção ao essencial. Sem entrar muito em pormenor sobre o que se passou em alguns episódios dos Homens do Presidente quero, apenas fazer uma breve referência aos episódios número dezoito da 3ª temporada, Stirred, Sentido, número três da 4ª temporada Universitários, número vinte e um da 6ª temporada, Things Fall Apart, e número dezoito da 3ª temporada, já que são um bom exemplo do que acima foi dito, pois nestes episódios são abordados os temas da mentira e da manipulação de informação na política. Embora não estejam directamente relacionados com as manobras de bastidores, acho que estes episódios reflectem bem o vale tudo da política, até onde se pode ir para proteger os protagonistas ou até onde se pode ir para se encobrir erros ou até mesmo derrubar adversários.
Se as manobras de bastidores são uma instrumento essencial para desviar a atenção daquilo que não é suposto saber-se, os pseudo – eventos mostram-se ainda mais úteis.
Os pseudo – eventos podem ser caracterizados por serem uma realidade falsa que obrigam os jornalistas a olhar com atenção para uma determinada iniciativa, não são espontâneos, se aparecem é porque foram planeados e, o mais importante, ele são criados para terem a cobertura da comunicação social. Aliás, é devido ao sucesso da cobertura mediática dos pseudo – eventos que se consegue determinar qual o impacto do mesmo.
Os pseudo – eventos, tal como as manobras de diversão, fazem parte das estratégias de comunicação, porque são um meio muito importante de transmissão da informação pretendida. Tal como todos os instrumentos de manipulação de opinião pública, os pseudo – eventos têm a seu cargo uma ferramenta que por sinal é bastante poderosa na divulgação de informação e possibilita a difusão de informação de forma mais rápida e bem sucedida. É por isso que as e fugas de informação são tão importante.
Mas o que é isto de fugas de informação? Até que ponto é elas são benéficas para a transmissão, difusão e impacto da informação?

1.2.1 -) Fugas de Informação

A fuga de informação é um exemplo, muito comum, de um pseudo – evento. Existe alguns casos em é necessário recorrer-se à fuga de informação para que determinada noticia ou iniciativa tenha mais impacto junto da opinião pública.
A fuga de informação consiste em dar um exclusivo, uma informação ou parte dela, por antecipação, a um jornalista sobre determinado acontecimento. Desta forma, consegue-se dar uma maior visibilidade ao acontecimento. Mas não faria mais sentido dar-mos a notícia ou a informação a todos os jornalistas do que apenas a um? Na minha opinião não, o impacto seria muito menor e a visibilidade do acontecimento não seria tão grande. É importante que se perceba que um jornal, rádio, ou televisão ao saberem que têm um exclusivo por antecipação mostram-se, logo, mais interessados pela notícia. Isto leva a que a notícia ganhe mais dimensão. Se se optar por dar a notícia a todos corre-se o risco de a notícia ser subestimada, logo não é publicada na íntegra. Mas ao dá-la como um exclusivo, cria-se uma dinâmica de expectativa junto da informação, já que os órgãos entram na azáfama de contactar as instituições, governo, partido para obterem mais informações sobre o assunto.
A fuga de informação funciona quando não há certeza sobre do impacto que se deseja, assim a informação é dada só a um jornalista para se criar muito mais expectativas e potenciar o impacto da notícia. O que se pretende é “abrir o apetite” para que a notícia seja divulgada na íntegra e levar os órgãos de comunicação a pedir informações acerca do assunto.
Em suma, a fuga de informação é um dos processos mais usados na transmissão e difusão de informação.



Em jeito de conclusão desta temática da comunicação de crise é necessário que se perceba o que são manobras de diversão e pseudo – eventos, no sentido amplo da palavra, temos que partir do propósito de que toda a informação é manipulada, mas quando falo em informação manipulada não me estou a referir à imagem negativa da palavra, o que pretendo dizer é que a informação não é dada ou fornecida toda na íntegra aos jornalistas, apenas uma parte é que é cedida, neste caso a informação é manipulada, pois escolheu-se só uma parte, aquela que interessa que se saiba, para ser divulgada.




2 -) O Marketing Político

2.1 -) O que é o Marketing Político?


O Marketing está e todo o lado e intervém em todas as áreas; religião, cultura, economia, política, entre outras. Mas na área da política, o marketing trabalha com a opinião pública.
O Marketing Político é considerado um segmento específico dentro da comunicação, assim como também é um conjunto de técnicas que visa por em evidência um político em detrimento de outro, dá-se aqui uma relação de concorrência. Desta forma, o conceito de marketing é adaptado à política.
A área de actividade mais complexa e onde existe mais perigo de manipulação é a política e é na política onde as estratégias de comunicação se sofisticam mais. A política é temporária, por isso mesmo é uma das áreas onde vale tudo, porque as eleições são ganhas com a conquista da opinião pública. É por este motivo que o marketing político é importante. É através do marketing político e das campanhas eleitorais que se ganham eleições.
Na política, o Marketing político é importante porque põe ao dispor de uma figura um conjunto de técnicas que lhe permitiram conquistar a simpatia, votos e a popularidade junto da opinião pública, isto porque o Marketing Político elimina as partes negativas da pessoa, eliminando as fragilidades e potencia as partes positivas dando relevo a todo de bom e positivo que essa pessoa tem.



2.2-) Marketing Político: As quatro áreas de actuação

O Marketing político usufrui de quatro técnicas/ferramentas do marketing que ajudam os políticos a aumentar a sua popularidade e ganhar as eleições.

1. Publicidade/ Propaganda
2. Marketing Directo
3. Sondagens/ Focus Group
4. Assessoria de Imprensa/ Relações Públicas

Mas o que interessa abordar e explicar neste relatório são os dois últimos pontos, as Sondagens e a assessoria de Imprensa.





2.3) As Sondagens: a ferramenta de gestão e preparação de uma crise

Na série os Homens do Presidente o tema das sondagens está retratado nos episódios número vinte e um da 1ª temporada Lies, Damn Lies And Statistics e no número vinte e um da 2ª temporada 18 Th And Poto Mac. No caso do episódio Lies Damn Lies and Statistics era necessário saber como estava a popularidade do Presidente Bartlet, portanto recorreu-se as sondagens para obter essa informação, quanto ao caso do episódio 18 Th and Poto Mac a situação é ligeiramente diferente, aqui as sondagens são usadas para gerir e preparar uma resposta à crise. A notícia da doença de Bartlet chega ao conhecimento da opinião pública por isso é fundamental saber a opinião do eleitorado sobre o assunto.
Aqui estão presentes dois casos diferentes de uso das sondagens. As sondagens não servem apenas para ver se o candidato x está em vantagem frente ao candidato y. O seu campo de actuação é muito mais vasto e amplo.
As sondagens como têm valor mediático são uma ferramenta decisiva na vida de um político, são um instrumento de marketing político muito valioso. É através das sondagens que um político sabe se vai ganhar ou não as eleições. Hoje em dias os políticos têm ao seu dispor um conjunto de ferramentas que lhes permite saber os resultados antecipadamente e corrigir o que está mal. As áreas de aplicação das sondagens são muitas e elas não estão apenas ao serviço da política. Existe várias formas de se fazer uma sondagem;

· Telefone – através de uma entrevista, criando uma amostra representativa do país ou presenciais

· Focus group – Trata-se de uma amostra pequena, normalmente 10/15 pessoas a quem se dá o “poder” de escolher. Normalmente as pessoas estão numa sala e é-lhes dado um comando e consoante os gostos as pessoas reagem. Um exemplo de focus group é o que a Tv Globo faz com as novelas brasileiras. Para determinarem qual o final que agrada ao público juntam um focus group e decidem o final consoante os gostos do focus group.


Em alguns casos são usadas duas ou três técnicas de fazer sondagens em simultâneo, mas com proporções diferentes porque umas são mais importantes do que as outras.
Tanto as sondagens como os focus group são estudos de opinião e técnicas de antecipar os resultados, por isso têm valor mediático, são notícia.
Voltando agora aos episódios da série os Homens do Presidente, na minha opinião os episódios referentes às sondagens retratam bem a realidade que acima expliquei. Na série foi possível verificar que as sondagens tanto ajudaram a preparar uma resposta à crise como mostraram que o Presidência Bartlet tinha conquistado a opinião pública. Nestes episódios ficou provado que quando bem utilizadas as sondagens são um fiel instrumento nas mãos de quem o melhor souber tocar, pois possibilita estar preparado para o que vier e possibilita reestruturar as coisas que estiverem menos bem.
Mas as sondagens não são a única ferramenta utilizada pelos políticos, a Assessoria de Imprensa, também, é uma arma importante no mundo do salve-se quem puder e do vale tudo. A Assessora de Imprensa é muito importante para o universo de um político, pois é através desse universo que o politico é eleito, mas caso o político não consiga falar com o seu universo, pois nem todos têm o dom da palavra, precisa de ter alguém de confiança do seu lado que fale por ele ou que lhe prepare os discursos, isto em primeiro lugar. Em segundo lugar, o político precisa de alguém que passe a sua mensagem, logo precisa de um intermédio, portanto vai recorrer aos jornalistas para que estes passem a mensagem. E se pegarmos no que agora foi dito e olharmos para a série Homens do Presidente, as conclusões a que chegamos é que a equipa de assessores de Bartlet criam as mensagens e fazem com que elas passem através dos jornalistas para a opinião pública. Isto não é nada mais do que pôr as Relações Públicas ao serviço da Política.
Antes de terminar a minha abordagem sobre este tema gostaria de fazer referência a dois tópicos para então depois concluir este tema. O primeiro tópico que quero expôr é o das sondagens ajudarem a preparar e gerir uma crise. Se calhar vou-me repetir um pouco, mas gostaria de frisar e deixar bem explícito que as sondagens são uma excelente técnica de antecipação ao que de mau pode estar para chegar. Com uma boa sondagem os políticos podem corrigir erros, criar respostas a uma eventual crise, podem delinear de uma forma mais correcta e coerente a sua estratégia de comunicação. As sondagens são estudos de opinião que ajudam os políticos a perceber até que ponto são bem vistos ou não pela opinião pública e ajuda-os a perceber como se encontram os índices de popularidade junto da opinião pública. A minha insistência a falar, repetidamente, da opinião pública é porque quero deixar bem claro que sem a opinião pública um politico não é eleito, a opinião pública é determinante para a carreira politica de uma pessoa que ingresse no mundo político. O segundo, e último, tópico que quero apresentar é o Soundbite. O Soundbite é uma forma de manipulação da opinião pública muito simples e eficaz. Segundo uma estratégia de comunicação, o Soundbite é um conjunto de ideias chaves, uma ou duas palavras, uma frase curta para expressar uma ideia, que vai direita ao “coração” do jornalista, porque são eles que amplificam a mensagem, e da opinião pública. Um Soundbite, às vezes, é confundido com um slogan, mas o soundbite é muito mais do que um slogan, ele é a artificialização do discurso. O soundbite tem que ser muito curto, porque um politico tem apenas alguns segundos para transmitir a sua mensagem. É importante que os políticos criem um soundbite que entre na comunicação, porque o soundbite tem que ser apelativo, tem que ser algo que fique no ouvido e tem que ser algo que seja repetido. O Soundbite não é só uma ideia, tem que ser repetido para que o jornalista o fixe, já que eles são os primeiros destinatários dos políticos. O soundbite para ser verdadeiro tem que ser repetido pois ele é a frase ou a ideia que resume o discurso do político. Dentro desta temática e para melhor a entendermos basta olhar para o
discurso que o Presidente Bartlet faz sobre os ataques bombistas que a universidade de Kennison, no episódio College Kids, o terceiro da 4ª temporada. No seu discurso Bartlet repete várias vezes a frase “There isn't nearly enough, not nearly enough, not nearly enough”, o que aqui se pretende é deixar bem claro a posição do Governo Bartlet perante o problema do ensino nos Estados Unidos da América. Este é um exemplo de um soundbite, curto, apelativo, e que foi inúmeras vezes repetido.


Em suma, o Marketing Político é muito forte pois potencia o lado positivo dos políticos e esconde as fragilidades do mesmo. Tem a seu cargo um conjunto de técnicas, que quando usadas em simultâneo trazem bons frutos para os políticos e para os candidatos políticos.
O Marketing Politico faz parte da estratégia de comunicação de um político porque quando é bem usado faz aumentar a popularidade dos políticos junto da opinião pública.





3 -) Campanhas negativas

De todo o que foi dito atrás, a conclusão a que se chega é que em política não se olham a meios para atingir os fins. A política é um campo de batalha onde vale tudo em prol da popularidade e da eleição. Bom, mas sobre esta temática do vale tudo, apresentarei, agora um capítulo onde será exposto e desenvolvido o que é feito para se ganhar uma eleição. Sempre que possível irei fazer algumas alusões aos episódios Homens do Presidente para melhor se perceber este mundo.



3.1 -) Nos bastidores das campanhas eleitorais

O período de campanha eleitoral
[2]é sempre uma época bastante agitada para os políticos. Todos os candidatos querem ganhar e todos utilizam as mais diversas ferramentas e técnicas para atingir o objectivo, vencer as eleições. Mas, por vezes, os métodos utilizados são pouco ortodoxos e as coisas nem sempre correm como planeado.
A afirmação de uma campanha eleitoral deveria estar assente no mérito do candidato, assim como a afirmação do marketing político devia ser feita, teoricamente, pela afirmação do candidato. Normalmente o que acontece, quer em Portugal quer noutros países, é que os candidatos têm feito a da campanha através da valorização dos mesmos. As campanhas não são feitas na valorização do candidato devido há enorme concorrência que existe neste sector. Então, como a concorrência na política é de tal ordem grande, assiste-se a uma picardia entre os candidatos e a uma lavagem de roupa suja. Aliás, a picardia entre candidatos passou a ser essencial durante as campanhas, caso contrário as campanhas não tinham o valor e o impacto que têm. É daqui que nasce o conceito de campanha negativa. Este conceito existe em todo o lado, mas na Europa este conceito não está tão enraizado como nos Estados Unidos
[3].
Numa campanha negativa vale tudo, há jogo sujo e as principais características deste tipo de campanha são; as acusações (implícitas ou explicitas), insinuações, comparações, criação ou aproveitamento de boatos e rumores, cartazes e publicidade dirigida, insultos e dialéctica verbal muito violenta. A campanha negativa é o expoente máximo para se perceber a grande concorrência que existe no marketing, a sensação que paira no ar é que só pode haver um candidato porque não há espaço para mais nenhum.
A campanha negativa remete-nos para o domínio pessoal e privado, remete-nos para o domínio dos ataques pessoais. Perante o que acabou de ser dito é importante frisar que a discussão entre políticos e a discussão das propostas políticas não é campanha negativa, o que é campanha negativa são ataques a nível pessoal aos candidatos.


3.2 – O caso Português

Em Portugal nunca tinha havido uma campanha negativa, excepto nas últimas eleições legislativas, quando José Sócrates (PS) e Santana Lopes (PSD) lutavam para ser o Primeiro – Ministro de Portugal. Se a campanha negativa foi feita consciente ou inconscientemente isso, ainda, não se sabe, o que se sabe é que ela existiu e baseou-se em três ideias. Surgiu um rumor, que circulava em 2005, em que se dizia que o candidato do PS era homossexual. Como o rumor era bastante importante foi adoptado pelo candidato do PSD, que num comício, só para mulheres, fez um série de insinuações sobre o rumor, pondo em causa a masculinidade do candidato do PS. Foi a partir daqui que a campanha negativa começou. Mas em Portugal as pessoas não estão preparadas para este tipo de campanha e isso verificou-se porque o eleito para Primeiro – Ministro foi o candidato do PS e não o do PSD. Este episódio ficou marcado porque pela primeira vez na história de Portugal um candidato recandidatou-se e perdeu. Tal acontecimento deixou bem claro que os portugueses não estão preparados para as campanhas negativas e muito dificilmente, em Portugal voltará a acontecer um episódio de campanha negativa.


3.3 -) Campanhas negativas e rumores: A ligação perfeita

Como foi constatado atrás, um dos motores que faz as campanhas negativas terem pernas para andar são os rumores. Mas até que ponto se pode ou se dever dar ouvidos a um rumor? Até que ponto se deve ou não responder a um rumor aos ataques em geral?
Há quem diga que a melhor defesa é o ataque. Os rumores, na maior parte dos casos, têm 5% de verdade e há quem defenda que os candidatos não devem responder aos rumores. Foi isto que Sócrates fez nas eleições de 2005, não respondeu aos rumores, logo não amplificou a situação. Sócrates, no momento certo, usou a verdade e a oportunidade (uma das regras da comunicação de crise), negou o que tinham afirmado sobre ele e responsabilizou Santana Lopes pelo rumor. Sócrates saiu da crise e ainda beneficiou do rumor, pois o seu adversário político foi derrotado nas urnas.
Os rumores são uma ligação perfeita às campanhas negativas pois ajudam a fomentá-las e a desenvolve-las. O rumor pode levar um candidato a desistir da campanha ou pode originar a derrota do mesmo.


3.3-) As campanhas negativas de Os Homens do Presidente

De todos os episódios vistos ao longo deste segundo semestre, a campanha negativa está muito bem retratada num episódio, o episódio seis da 7ª temporada, The Al Smith Dinner.

The Al Smith Dinner– trata-se se um episódio onde podemos ver a campanha negativa a funcionar na perfeição contra o congressista Santos. A intenção é desacreditar Santos perante a opinião pública e levar esta a acreditar que Santos está a favor do aborto, quando na realidade ele não é a favor do aborto.

Se pegarmos no que atrás foi dito sobre as campanhas negativas e os rumores e aplicarmos isso a este caso, a conclusão a que chegamos é que quando os candidatos têm em sua posse uma informação que sabem que pode arruinar e tirar de cena o seu adversário, não hesitam, não olham a meios para atingir os fins. Foi o que aconteceu neste episódio, o partido da oposição está a fazer campanha negativa contra Santos para que este perca as eleições e não seja o sucessor de Bartlet.






Conclusão


Com a realização deste relatório pretendi abordar alguns aspectos importantes da matéria que foi dada este semestre e para tal baseei-me no visionamento da série Os Homens do Presidente.
Durante a realização deste relatório surgiram algumas dificuldades, nomeadamente em relacionar os episódios da série com a matéria dada, uma vez que houve alguns episódios em que não consegui encontrar pontos de ligação com a matéria.
Contudo tentei relacioná-los o melhor possível com o que foi dado durante o semestre.
Neste trabalho tentei fazer algo de diferente, do que foi feito no primeiro semestre, não me prendi tanto em falar episodio a episódio, mas sim em abordar a matéria fazendo referências e dando exemplos através dos episódios. Penso ter conseguido atingir o objectivo a que me propus.
A realização deste trabalho ajudou-me a estar mais enquadrada e familiarizada com alguns pontos da matéria, uma vez que nem todo o que foi dado nas aulas está aqui presente, pois entendi não ser necessário. Assim este trabalho revelou-se uma importante ajuda na preparação e no estudo para a frequência da disciplina de Estratégias de Comunicação II.



[1] Quando falo em político refiro-me, também, ao assessor de imprensa e a toda a equipa que está por detrás do político.
[2] Campanha eleitoral é o período eleitoral quando os partidos e os candidatos se apresentam á população para obtenção de votos.
[3] Nos Estado Unidos existe empresas especializadas em investigar os “podres” e os currículos dos candidatos.


Para mais informações sobre Marketing político consultar:



Bibliografia:
Lampreia, J.Martins, Gestão de crise - Uma perspectiva europeia, Hugin Editores, Lda, Lisboa, 2003



Patrícia Gomes
3º Ano Comunicação